sábado, 7 de abril de 2012

Sherlock



Créditos: Traganta.info


No ano de 2010 a emissora britânica BBC levou ao ar o primeiro episódio do que eu considero a melhor série da atualidade: Sherlock. Com os recentes lançamentos hollywoodianos sobre o detetive mais famoso da história, não é de se admirar que as pessoas estabeleçam relações entre esses dois trabalhos. Porém, devo avisar que isso é um erro, pois são abordagens e direções completamente diferentes, começando pelo fato de que Sherlock apresenta o personagem na Londres dos dias atuais. Sim, essa foi uma proposta ambiciosa, que poderia muito bem ter dado errado, mas que provou o contrário: o Sherlock Holmes dos anos 2000 pode ser tão ou mais interessante do que o da era vitoriana, isso porque a adaptação dos livros para a televisão foi tão minuciosamente trabalhada e (por que não?) criativa que nenhum sherlockiano mais xiita pode botar defeito. A série foi criada por Steven Moffat e Mark Gattis, ambos escritores da renomada Doctor Who, sendo que Gattis, além de escrever, também atua no papel de Mycroft Holmes.

Até agora, a série consiste em duas temporadas, a primeira de 2010, a segunda de 2012, com três episódios de noventa minutos cada. A terceira temporada já foi confirmada e deve ir ao ar em 2013. Talvez minha única reclamação fosse a pequena quantidade de episódios, entretanto eu entendo que isso é importante para a qualidade, já que há muitas cenas externas, os episódios são longos e tudo isso deve custar muito caro, mas ainda assim é uma pena.

É difícil explicar com palavras a perfeição do roteiro de Sherlock e de como ele é bem adaptado, mas posso dizer que durante os noventa minutos de cada episódio eu digo o tempo todo “Essa série é muito boa!”. Como se não bastasse a atuação impecável de Benedict Cumberbatch (Sherlock Holmes) e Martin Freeman (John Watson), Sherlock mostra ao espectador uma outra faceta do detetive: nós não vemos apenas um Sherlock Holmes mal-humorado, antissocial e extremamente inteligente. Nós vemos um Sherlock Holmes que de fato não se encaixa nos padrões de comportamento da nossa sociedade e que por muitas vezes é tido como louco pelas outras pessoas. Na verdade isso não seria importante para ele, mas, a partir do momento em que conhece Watson, Holmes começa a perceber as atitudes estúpidas que tem em relação a quem está à sua volta, e aos poucos vai se humanizando, criando laços afetivos, e para mim isso foi fundamental para tornar a série mais real, mais crível. Na verdade, arrisco dizer que essa humanização do personagem do Sherlock me fez achar a série mais interessante do que os próprios livros. Afirmação radical? Talvez sim, talvez não, mas isso depende do que cada um procura em uma obra, e isso já é outro assunto.

Ok, mas para dizer que eu não falei de nada ruim, eu diria que os episódios número dois das duas temporadas são mornos comparados aos outros, mas de maneira nenhuma isso diminui minha idolatria! (Risos)

Não é segredo para ninguém que eu sou mais do que fã da obra de Conan Doyle, e acredito que todo fã, assim como eu, fica o tempo todo procurando referências aos livros e contos durante os episódios (e olha que são muitas!). Mas as referências não se resumem somente à obra canônica: o tempo todo é possível ver indícios aqui e ali de teorias sobre Sherlock Holmes que se ouve desde sempre, como a teoria de que Sherlock e Watson eram gays. Aliás, essa é a melhor parte, pois todo episódio tem alguma piadinha a respeito e o constrangimento do Watson é impagável!

Eu não falei muito sobre a história em si porque simplesmente não tem. É Sherlock Holmes sendo Sherlock Holmes e resolvendo casos aparentemente impossíveis de maneira brilhante, enquanto Watson transforma esses casos em contos no seu blog (Aliás, o blog do Watson existe!).

Mesmo se você não costuma assistir a muitas séries de TV, Sherlock você não pode deixar de assistir, ainda que você nunca tenha lido nem um conto sequer, é impossível não gostar.


P.s. Antes que eu esqueça: é claro que os americanos recalcados não podiam ser passados para trás por uma série britânica, então eles decidiram criar sua própria série sobre Sherlock Holmes moderno, mas em Nova Iorque. Além disso, o Watson na verdade será uma mulher, interpretada pela Lucy Liu! Bom, vamos esperar e ver no que dá. A série se chamará Elementary.